terça-feira, 24 de abril de 2012

East Rutherford, New Jersey - 04/04/12

Esse blog se chama "Greetings from Asbury Park", em homenagem ao primeiro álbum lançado pelo Bruce Springsteen e também pra celebrar o local mágico que foi Asbury, berço do melhor rock do final dos anos 70, início dos 80. Lugar em que bandas como Bon Jovi fizeram a sua história.

"Heroes are important. What would we do without them? If there was no Bruce, there'd be no me - and if there were no Bob Dylan, there'd be no Bruce". (JBJ).








Izod Center? Metlife stadium? Wait a minute! Let's cut the crap right here! (very Joisey...LOL!). Pra mim não existe outro nome além de Meadowlands e Giants stadium. Period. Ver Bon Jovi em NJ é mágico. Mas também é um pouco tenso, você sente que a banda tá preocupada porque tem milhares de convidados, a mãe do Richie passa atrasada e com uma caralhada de gente(!), e sempre me pego distraida vendo os filhos do Jon ao invés de focar no show. O Jon fica visivelmente mais tenso em casa, deve ser a presença da Dot, risos!

"Bruce is to New Jersey like...I don't know how to compare it to something that you'd appreciate - but it's like the national soccer team! He's sort of hero to the American public and he's a nice man, you know what I mean? He was nice to me when I was a kid. I first met him ten years ago and he helped me become who I am now". (JBJ, 1988)

Ver Bruce ao vivo era um sonho antigo. Ele veio uma vez só ao Brasil num show da Anistia. Nunca coincidiu nenhuma data de turnê com viagens minhas nesses anos todos...mais eis que desta vez, ALELUIA! Não só caiu exatamente na data perfeita, mas também no lugar perfeito: Jersey, baby! Em New York vejo uma fila no Port Authority e umas pessoas com camiseta do Stone Pony. Yes, com certeza estou na fila certa pro show. Existe uma mística que envolve Bruce, o Boss, e naquele dia eu finalmente consegui entender o porquê.

The Boss

Bruce é um artista na melhor definição da palavra. O show é uma produção muito simples, pouca luz, nenhum cenário, o foco é só dele e da E Street Band. Aos 62 anos, Bruce corre no palco como um garoto e se joga de joelhos imitando Elvis. A banda é a coisa mais sólida e afinada que eu já vi numa arena. O som é perfeito, limpo, quase orquestrado. Uma vez li que Bruce faz questão de sentar em diferentes seções de um estádio pra ouvir exatamente o que o público vai ouvir e acertar o som nos mínimos detalhes. Faz todo o sentido. De onde eu estava, a seção 236, muuuuuuito distante do palco o que eu ouvia beirava a perfeição. Cada instrumento aparecia com algum destaque, mas de forma harmoniosa. Algumas músicas não acabam, têm transição. Deve ser ensaiadíssmo, mas tudo ali parece funcionar de forma despretensiosa. E isso é o melhor de tudo. Bruce não faz caras e bocas pra câmera. Ele faz caras e bocas pros fãs! O tempo inteiro interage com a galera, aponta, lê um banner, acena....até que não se aguenta e faz um stage dive. Wow!



O show começa e Bruce berra: "New Jersey! Get your lazy asses out of those seats!" Hahahaha! Qualquer semelhança com o "This ain't television, get up of your seats!" é pura coincidência! É impressionante perceber que cada gesto, cada movimento, tudo me lembra o Jon. Os fãs de Bruce são um tanto fanáticos, parece até um transe coletivo. Reconheço a violinista e o percussionista já tocaram várias vezes com o Jon, na tour solo. Passo as 3 primeiras músicas chorando: de alegria, de emoção, de gratidão. Pra mim é incrível ter a chance de ver Bruce ainda no auge, com músicas novas, poder ouvir aquela batida emblemática e sua voz rouca, sem o menor gosto de nostalgia. Wrecking Ball é um dos melhores álbuns da carreira dele. Seria tão fácil pegar os mega hits e só buscar o aplauso fácil. Mas o show caminha por músicas obscuras, por várias épocas da carreira até culminar nos hits. A sequencia matadora: Born to Run, Dancing in the Dark e Tenth Avenue não é para os fracos! As luzes se acendem pra despir o Boss de qualquer pretensão, ele quer apenas é sentir o amor que a platéia fanática oferece a ele...e ele responde com uma alegria e satisfação raras de se ver pra alguém que já está na estrada há tantas décadas.





"Are we missing anybody? Do I have to say the names? All I can guarantee is, if you're here, and we're here, then they're here tonight. So raise your voices." (Bruce)

Ver a E Street sem Clarence Clemons é muito difícil. Várias vezes no show Bruce faz longas referências a ele, e o público aplaude muito todos os solos do Jake Clemons, que emocionado, retribui o carinho e aponta pro céu, como se estivesse buscando inspiração do tio. Em Tenth Ave. Bruce para a música e aponta pra fotos do Clarence no telão. É muito tocante. Vi muito marmanjo chorando que nem bebê. Eu também desabei a chorar e o show acaba pra mim da  mesma maneira que começou: uma emoção difícil de controlar.

Este blog é um tributo aos meus herois, que assim como Clarence, inspiraram bandas como Bon Jovi a fazer o melhor do rock and roll.





domingo, 22 de abril de 2012

Hope is delicious!


Red Bank, New Jersey – 05/04/12


Conhecer New Jersey foi um sonho que realizei 11 anos atrás, numa viagem que mudou minha vida, no ano 2000. Ter o privilégio de voltar pra lá é sempre muito especial e pude fazer isso na minha recente viagem aos Estados Unidos. A ideia desta vez era conhecer o restaurante comunitário Soul Kitchen.

Woodbridge, Perth Amboy, Middletown...cada cidade que passamos antes de chegar em Red Bank é uma coleção de memórias e lugares especiais pra quem é fã de Bon Jovi. Red Bank tem o Count Basie Theater, palco de todos os shows beneficientes e de natal organizados por Bruce, Jon, Bobby e cia. Ali pertinho, logo do lado da estação de trem está o restaurante. Na entrada, ao invés de jardim há uma grande horta com verduras e temperos. Chegamos lá cedo e já havia gente jantando. Já na entrada eles nos perguntam se somos voluntários ou vamos fazer uma doação. O ambiente é acolhedor e todos muito simpáticos. Assim que descobrem que somos do Brasil, uma das voluntárias nos diz: é fã, né? Em poucos minutos nos servem as bebidas (as opções entre chá ou água) e uma cestinha com pão e manteiga. Outra voluntária nos explica o sistema do restaurante: não há preços fixos mas um preço sugerido de 10 dólares por refeição. Quem não puder pagar pode trabalhar de forma voluntária, basta preencher um ficha e comprometer a fazê-lo. Quem já trabalhou apresenta um voucher que vale 1 refeição. Dividimos a mesa com outras 2 pessoas e todos conversam animadamente. 




Escolho de entrada a salada, que estava divina. A comida é realmente muito gostosa e os ingredientes super fresquinhos. O restaurante não para de receber gente e já começa a ter fila de espera. Vejo os atendentes colocando várias cadeiras lá fora para acomodar as pessoas. Pergunto se é sempre tão cheio e me disseram que estava até vazio e que na semana de abertura a fila chegava a dobrar o quarteirão. Impressionante! Se antes Red Bank parecia ser uma cidade só de gente privilegiada, agora nos mostra que há muitas pessoas enfrentando tempos difíceis. 

Por mais que nossa vontade fosse de ficar lá até o fim da noite, era óbvio que tinhamos que dar lugar aos que esperavam. Nos deliciamos com a sobremesa e o café e deixamos nossas doações no envelope. Pergunto se posso tirar algumas fotos sem flash, para não incomodar os frequentadores. 



Best good looking dishwasher ever!




















O importante aos fãs é entender que lá não é um lugar para ir atrás do Jon  (contentem-se com essa linda foto!) ou um ponto de encontro de fãs. Não há música nem nada relacionado à banda lá dentro. Mas é um lugar incrível, que vale a visita se você realmente quiser fazer a diferença e se sentir parte da comunidade. É impossível sair sem ser contagiada pela vontade de fazer o bem e desejar o melhor ao próximo.