quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Coletiva de imprensa - Brasil 2002

Direto da timemachine!



Encontrei a matéria que fiz em 2002, cobrindo a coletiva do Bon Jovi no Rio de Janeiro. Incrível lembrar a sensação de pegar o microfone e ter, naqueles milésimos de segundos, a total atenção da banda inteira! Foi muito difícil controlar a emoção de fã e conseguir anotar qualquer coisa que fizesse sentido, depois de ver a banda toda num super bom humor, respondendo as perguntas sérias com tranquilidade e até saudando o Lula! Mais difícil ainda foi ter que correr pro business center do hotel na sequência pra cumprir o prometido e enviar a matéria minutos depois! Well, segue abaixo meu relato e a íntegra da coletiva.

Divirtam-se! :-)


Bon Jovi esbanja simpatia no Brasil



Os roqueiros da banda Bon Jovi finalizaram há pouco uma coletiva para
a imprensa brasileira. Apesar do atraso de 40 minutos e de muita
disputa entre os jornalistas e fotógrafos presentes, os integrantes
da banda - Jon Bon Jovi, Richie Sambora, David Bryan e Tico Torres -
responderam às perguntas com muita calma e bom humor.


Richie Sambora lamentou o mau tempo no Rio de Janeiro e disse que
adora as praias brasileiras. A banda, mesmo depois de quase vinte
anos de carreira, ainda acumula centenas de fãs a cada álbum lançado
e garante que tem um bom contato com eles. "Não sei porque dizem que
nós somos uma banda distante. Ninguém aqui me convidou para jantar.
Sempre damos atenção aos fãs", explicou Jon Bon Jovi.


Para promover o novo álbum Bounce no Brasil, Bon Jovi fará um
showcase para o programa Fantástico, indo embora após a gravação. Mas
eles prometeram voltar ao país para shows no ano que vem. "A turnê
mundial começa em dezembro na Austrália e devemos rodar o mundo
novamente", disse Bon Jovi.


Na parada americana o disco Bounce ficou em segundo lugar, atrás
somente da coletânea de Elvis Presley. Perguntado sobre isso, Jon Bon
Jovi disse que não se trata de uma competição. "Eu também comprei o
disco do Elvis. Mas nós ainda estamos vivos", completou com uma
risada.


Sobre a influência dos acontecimentos de 11 de Setembro no novo
trabalho - algumas músicas como Bounce e Undivided tratam do assunto -
Jon Bon Jovi foi categórico ao afirmar que assistiu com horror às
tragédias daquele dia. "Não foi apenas uma questão de ser americano,
mas sim um cidadão do mundo", disse.


Antes de finalizar a coletiva, o guitarrista Richie Sambora enumerou
as vantagens de ser um astro. "A melhor coisa é fazer o que amo para
sobreviver. É um grande privilégio". Considerando o bom humor e a
disposição dos roqueiros nesta manhã chuvosa, não restam dúvidas
quanto a isso.


A banda começa a coletiva com 40 minutos de atraso. Posam para os fotógrafos de pé. Então começam as perguntas:

Quero saber se vocês têm planos para um grande show aqui no Brasil?
Jon – Ainda não, mas talvez no ano que vem. A turnê começa na Austrália em dezembro e então sairemos por aí.

Em comparação aos álbuns anteriores qual foi o grau de dificuldade para preparar o novo álbum Bounce?
Jon – Eu não sei se há alguma diferença...
Richie – Acho que há uma evolução natural da banda, pois estamos juntos há quase 20 anos.

E em relação às letras, que são muito melhores do que as do Crush?
Richie – Obrigado! (risos)

[silêncio na sala, os jornalistas demoram a fazer a próxima pergunta e eles começam a brincar...]

Jon – (fingindo ir embora) Obrigado a todos por terem vindo. Até mais.
Richie – Eu começarei a fazer perguntas a vocês. Quanto você pagou por essa máquina fotográfica? (risos)

Me pediram para fazer a pergunta em português para que ela (a tradutora) possa traduzir.

Jon – (rindo) Ela quer justificar seu trabalho...

A música Bounce é sobre os ataques aos EUA no dia 11 de setembro?

Jon – Sim. Há três músicas relacionadas à tragédia do dia 11 de setembro, mas há outras músicas no álbum também, lógico. Não é um álbum totalmente sobre o dia 11 de setembro. Porém, sendo de Nova Jersey, nas proximidades de Manhatann, obviamente fomos muito afetados. Então, Undivided, Bounce e Everyday falam sobre isso. Mas as outras canções são sobre os outros 364 dias do ano.

Gostaria de saber se vocês irão fazer uma outra parada no ano que vem após o lançamento do box comemorativo.
Jon – Eu não acho que vai haver uma grande parada, mas quem sabe o que vai acontecer daqui a um ano? Depois de lançarmos o box set comemorativo de 20 anos de banda, não sei se vamos parar para fazer outro disco ou um greatest hits... eu não sei isso agora, um dia de cada vez.
Richie – Ele (aponta para o Jon) pode tornar-se um Tom Cruise... (risos)

Que tipo de música vocês estão ouvindo agora?
Richie – Eu estou ouvindo o álbum de Ryan Adams, o álbum da Pink...

Bryan Adams?
Jon / Richie – Ryan
Richie – Ryan, sem o B...
Jon – Ele vendeu o B! (risos)
Richie – Ryan escreve boas canções. Eu também tive a oportunidade de participar do álbum da Pink.

O rock atualmente está pegando influências do new metal. O que vocês acham dessas novas influências e vocês sentem faltam do rock que faziam antigamente?
Richie – (olhando para o Jon) Você sente falta?
Jon – Não, não sinto falta. Eu gosto da idéia do Limp Bizkit de pegar o rap e o rock, misturá-los e criar esse novo estilo, mas eu não quero fazer isso. Não é o NOSSO estilo. Se nós começássemos a falar: “yo, brother whasuuup??” [Jon começa a imitar um rapper]. Eu sei que vocês diriam: bullshit! (risos).

[Richie começa a imitar o Keith Richards (guitarrista do Rolling Stones, falando como rapper: “hey Mick?”]

Jon - Isso não vai acontecer. Eu admiro, acho legal, mas não é para nós.

Como vocês estão vendo o fato de estarem em segundo lugar nas paradas, atrás apenas do Elvis Presley?

[Os fotógrafos pedem que a banda tire os óculos escuros, mas eles se recusam pois acabaram de sair do avião]

Jon – Nós ainda estamos vivos! (risos) Se não chegarmos ao primeiro lugar, tudo bem. Se for o Elvis ou Beatles não tem problema.
Richie – É algo histórico e emocionante o lançamento de um álbum desses. É difícil competir com isso.
Jon – Não é uma competição. É o Elvis. Eu comprei o disco! (risos)
Richie – Eu também comprei. Depois pensei comigo mesmo, o que estou fazendo? (risos)
David - É um bom disco pra aquele cara... (risos)

Eu gostaria de saber o que é pior para uma banda: entrar no mundo da música ou lidar com as fãs histéricas, etc.?
Jon – Costumávamos sair mais com as garotas quando ninguém sabia quem éramos. (risos) Agora vocês todos vão tirar fotos disso e... ha-ha-ha! Já era.

Então é pior agora?
Richie – Não, é diferente.
Jon – Agora temos que pagar por isso. (risos)

O que vocês acham das boy bands e Britney Spears?
David – Eu prefiro a Britney Spears às boy bands.(risos)
Richie – Eu acho que a Britney é legal. Nem mesmo sei o porquê, mas ela é legal. É sério, acho que ela tem algo...
Jon – Ela é nova o bastante pra ser sua filha!
Richie – Ela podia ser minha filha. O que me faz sentir atraído por ela ainda mais! (risos)

[Os outros integrantes começam a brincar dizendo para o Richie: quem é o seu pai baby?]

Richie – Acho que ela tem qualidades de “estrela” e vai continuar por aí. Quanto às boy bands, acho que eles foram fabricados. Não têm a mesma fibra que uma banda como a nossa. Começamos a tocar na garagem, em clubes...

[Nesse instante toca o celular de um fotógrafo....]

Richie – Alô, posso atender seu telefone? (risos)
Jon – Estou trabalhando aqui! (risos)

Vocês têm alguns índices fantásticos na carreira como o show do Moscou Peace Festival, o último show no Estádio de Wembley antes de ser demolido, duas noites no Giants Stadium. Qual é o próximo passo a ser alcançado na turnê do Bounce?

Jon – Oh, eu não sei qual é a próxima meta. Provavelmente continuar fazendo mais coisas assim. Seria bom continuar fazendo isso por mais 10 anos. É um ótimo estilo de vida. Eu recomendo a todos que querem se tornar um rock star. É um bom trabalho. Ou ser presidente... Lula! Ou vice-presidente do gabinete!

[todos começa a ditar as primeiras ordens como presidentes...]

David - Vocês não precisam trabalhar.
Richie – Todos podem tirar o dia de folga! (risos)
David – Nada de impostos.
Jon – Discos do Bon Jovi para todos!

Três perguntas em uma. Como foi a turnê do disco ao vivo? Vocês pretendem gravar um Greatest Hits 2 e por que Miracle não entrou nas coletâneas da banda?
Jon – Na verdade, há várias canções que não entraram no álbum Greatest Hits, o que significa que pode haver a oportunidade de lançarmos o volume 2! (risos)
Richie – Chegando nas lojas, antes que vocês percebam! (risos)
Jon - Quanto à turnê, irá começar em dezembro na Austrália, depois na América, Europa e então voltaremos à América. E se tivermos a oportunidade de virmos para cá, acho que será no próximo outono. Porém ainda não temos planos.

Eu soube que vocês gravaram esta semana o novo vídeo, Misunderstood, e eu gostaria de saber do que se trata a história do vídeo e se tem algo a ver com o que aconteceu com você na volta das gravações de Ally McBeal, que deu origem à letra dessa música.
Jon – Não, o vídeo não fala disso. Nós chamamos essa canção de: “the dog house song!” (a canção da casinha do cachorro)

[Richie começa a uivar, imitando um cachorro]

Jon – (olha para as jornalistas) Meninas?
David – Vê? Não é preciso traduzir, todas sabem o que é “the dog house”
Richie – (imitando uma garota) nós colocamos os nossos homens lá, todo o tempo... (risos)

Qual será a agenda no Rio e como não é a primeira vez aqui, o que vocês mais gostaram no Brasil?
Jon – Geralmente eu gosto do clima, mas....(aponta para a janela e o tempo chuvoso)
Richie – Eu gosto das praias, dos trajes de banho...tem uns bumbuns ótimos! (risos)
Jon – E o que eu ganho? Nada. (risos) Não teremos tempo nem para jantar.
Richie – Não veremos bumbuns...
Jon – Estamos aqui apenas para gravar o show para a TV e partiremos hoje mesmo. Viemos para isso e não vai dar tempo de dar uma volta. Faremos isso quando voltarmos em turnê.

Como foi tocar com Alec (ex-baixista) depois de tanto tempo e numa ocasião tão especial quanto o final da turnê no Giants?
Jon – Foi ótimo!
Tico – Ele é um velho amigo. É como da família, um cara fantástico. Foi ótimo recebê-lo no palco, uma diversão.
Jon – Foi bom vê-lo.

O novo CD tem um dispositivo anti-pirataria. Vocês acham que isso pode acabar com a pirataria já que as vantagens são tão pequenas? E vocês acham que as gravadoras poderiam ter se preparado mais cedo para essa crise de pirataria que já dura bastante tempo?
Jon – Eu não sei como as gravadoras lidam com isso. Eu faço minha parte e eles se viram com isso. Mas oferecemos o American XS aos fãs que compram o disco. Eles registram o número que vem no verso do encarte e têm acesso a websites, ingressos, chats, b-sides. Pelo menos é algo legal que damos aos fãs sem pedir nada de mais. Não custa nada, nós não pedimos que nos dêem informações que não queiram dar. Isso depende deles. Eles só colocam o nome e conseguem isso tudo de graça. Porém não há um envolvimento maior com o que a indústria faz em relação à pirataria. A pirataria está realmente fora de controle.

A música Joey tem influência de Billy Joel e Elton John e conta uma história. Atualmente não há mais muitas canções assim, que contam uma história. Foi isso que vocês quiseram passar com a canção?
Jon – Eu sinto falta disso. Quando eu era criança adorava me tornar um desses personagens. Escutava as canções e me faziam viajar e você queria ser um desses personagens. Sinto falta disso atualmente. Já fizemos isso antes e nós colocamos músicas como Joey e Right Side of Wrong neste álbum porque era um outro lado que queríamos ter. Por isso que o álbum não é um álbum do 11 de setembro, por ter canções como essa. Porque quero canções como Misunderstood e canções divertidas também.

Onde está o Hugh McDonald?
Jon – Dormindo. (risos)
Tico – Ele está lá em cima, está velho.
Richie – Ele está cansado.
Tico – Ele tem 65 anos de idade...
Richie – Ele está num quarto cheio de mulheres à luz de velas! (risos)

Vocês fizeram uma canção bem sentimental sobre 11 de Setembro. Eu queria saber qual é a sua visão política do dia 11 de setembro? Aqui de fora vemos isso como uma conseqüência da política externa americana.
Jon – [dá um suspiro e faz uma longa pausa para responder...] O terrorismo nos atingiu pela primeira vez no dia 11/09. A comunidade internacional está mais atenta aos acontecimentos do que nós estávamos. E para nós isso foi duas vezes mais difícil pois somos daquela comunidade. A cidade onde eu moro foi uma das mais atingidas. E a emoção que senti naquele dia não foi como: “alguém está atingindo os americanos”. Senti como um cidadão do mundo, pois viajo o mundo há 20 anos e fiquei mais consciente socialmente de que somos uma só comunidade. Não são os americanos, os brasileiros, os alemães, os japoneses. Havia pessoas de todas as nacionalidades, culturas e religiões naquele edifício. E todos perderam suas vidas por causa de um ato terrorista. Acho que há muito mais do que política ou política externa por trás disso. Acho que é apenas ódio profundo.

Na semana passada numa entrevista para o Fantástico, o Jon disse que os fãs brasileiros são receptivos. Então por que vocês evitam um contato maior com os fãs todas as vezes que estão aqui?

Jon – Bem, ninguém nunca me convidou para jantar em suas casas (risos).
Richie – E estamos famintos.
Jon - Nunca ninguém me convidou para um drinque. Não sei o quão próximo podemos chegar. Estamos aqui.
Richie – Acho isso papo furado. Somos uma banda que realmente se aproxima dos fãs. Através do nosso fan club...

Mas pessoalmente é tão difícil, esta é a terceira ou quarta vez que vocês estão aqui...
Richie – O que você quer que eu faça? Quer que a gente vá na biblioteca juntos? Um encontro romântico? (risos)

[A assessora de imprensa avisa que será a última pergunta...]


Richie – Logo agora que nós estávamos nos aproximando? (risos)

Qual é a melhor coisa em ser um astro? Dinheiro?
Jon – Dinheiro não é ruim (risos)
Richie – Poder fazer o que ama para sobreviver. Esse é um grande privilégio.

[Sorridentes, posam novamente para mais algumas fotos e agradecem aos jornalistas antes de sair.]



Transcrição Letícia Suzuki e Vanessa Martins (Biba)

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